quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Roteiro da Peça "Menino de Engenho"

CENA 1 : CASA DOS PAIS DE CARLINHOS, INTERIOR, MANHÃ
Certo dia quando estava dormindo, fui acordado por um imenso barulho na casa, me levantei e percebi que o barulho era no quarto de meus pais, fui direto para lá. Quando entrei no quarto vi minha mãe estendida no chão, meu pai sob ela e várias pessoas em volta. Ao correr na direção deles, fui pego pelo braço, e tirado daquele quarto para ficar isolado em meu quarto...
Alguns minutos depois fiquei sabendo que tinha sido o meu próprio pai, que tinha matado minha mãe, ou seja, ele teve a covardia de matar sua própria esposa, e com isso me deixando órfão muito cedo.
Alguns dias depois não tive escolha, fui levado para o grandioso enegenho Santa Rosa, que ficava no interior da Paraíba e que pertencia ao meu avô.

CENA 2 : SALA DA CASA GRANDE NO ENGENHO, INTEIROR, TARDE
Depois de uma longa viagem de trem enfim cheguei ao engenho de meu avô...
TIA MARIA (anciosa): Nossa como o Carlinhos esta demorando. Não é pai?
JOSÉ PAULINO (sonolento): É, pois é.
TIA MARIA: Será que aconteceu alguma coisa?
Justamente nesta hora eu cheguei...
CARLINHOS: Calma tia, eu tô aqui.
TIA MARIA (muito alegre): Ainda bem meu Deus, venha menino pode entrar.
Me dá um abraço, depois me leva até um homem sentado numa cadeira, com o rosto coberto por um chapéu...
TIA MARIA (cutucando o homem): Acorda pai olha quem esta aqui!
JOSÉ PAULINO (assustado): O que foi filha.
TIA MARIA: É o Carlinhos que esta aqui.
JOSÉ PAULINO (observando): Há você chegou né. Humm... Você se parece muito com a sua mãe.
TIA MARIA: Eu pensei a mesma coisa quando vi ele.

CENA 3 : SALA DA CASA GRANDE, INTERIOR, MANHÃ
Alguns anos após a minha chegada, chegaram também alguns primos e primos para passar as férias ali. Entre eles tinha uma prima que se chamava Lili, era tão fraquinha coitada, ficava doente por qualquer coisa. Certo dia tive uma surpresa desagradável.
CARLINHOS (brincando): Tia Maria cadê a prima Lili, queria brincar com ela.
TIA MARIA (triste): Venha cá filho, deixa eu te contar uma coisa. Você se lembra que sua prima estava doente.
CARLINHOS: Hã é mesmo.
TIA MARIA: É, pois é, éééé... Como é que eu vou te contar isso, você quer as ber a verdade mesmo.
CARLINHOS: Quero sim, porque essa pergunta aconteceu alguma coisa?
TIA MARIA: A verdade é que ela acabou piorando e morrendo ontem à noite.
Fiquei muito triste com isso, e fiquei sozinho chorando a morte dela por muito tempo.

CENA 4 : VARANDA DA CASA GRANDE, EXTERIOR, TARDE
Após aquele terrível acontecimento, minha tia temia por mim, pois eu ficava de pés descalços, rolava pelo chão. Enfim facilmente eu pegava doenças, por isso ela decidiu me dar aulas, pois com isso dificilmente seria vitima de alguma doença.
TIA MARIA (inpaciente): Cadê aquele menino, que não vem logo? Espera ai que ele vai ver!
TIA MARIA (vai até a porta muito brava): Carlinhos vem aqui agora!
CARLINHOS: Quê que foi tia?
TIA MARIA: Eu não disse que iríamos estudar hoje?
CARLINHOS: "Anão" tia.
TIA MARIA: Anão é desse tamanhozinho, agora vai e senta ali.
CARLINHOS: Que saco!
E foi assim durante muito tempo.

CENA 5 : PARTE I: SALA DA CASA GRANDE, INTERIOR, MANHÃ
PARTE II: TERREIRO, EXTERIOR, MANHÃ
PARTE I
Até certo dia eu ainda não conhecia a Tia Sinhazinha, mas nesse dia a conheci da pior maneira possível...
CARLINHOS: Tia eu posso jogar brincar lá fora?
TIA MARIA: Pode sim. Mas tenha cuidado que sua Tia Sinhazinha esta lá fora.
CARLINHOS: Ta bom tia, pode deixar.
PARTE II
Já que minha tia tinha deixado, eu fui brincar lá fora. Eu peguei meu pião e joguei, e ele foi justamente à canela da Tia Sinhazinha.
TIA SINHAZINHA (esbravejando raiva): Há seu moleque!
CARLINHOS (com medo, sai correndo): Calma tia foi sem querer.
TIA SINHAZINHA (sai correndo atrás): Sem querer é! Eu te pego!
TIA MARIA: Calma Sinhá, não precisa disso. (também sai correndo atrás para ajudar Carlinhos)
Se não fosse a Tia Maria, eu tinha ficado de cama por muito tempo.

CENA 6 : SALA DA CASA GRANDE, INTERIOR, TARDE
Outro dia quando meu avô, e minha tia estavam tranqüilos na sala, foram surpreendidos por um homem desesperado que vinha em um cavalo do vizinho.
HOMEM: Senhor, senhor uma carta "prôce"
JOSÉ PAULINO (surpreso): Pra mim? Oxê o que será?Pode trazer aqui!
HOMEM: Aqui está! (fica esperando algo)
JOSÉ PAULINO: O que ocê ainda quer.
HOMEM: Nada.
JOSÉ PAULINO: Então vá embora, ora! (homem sai, José Paulino abre a carta e lê)
TIA MARIA (curiosa): O que está escrito ai?
JOSÉ PAULINO: Nada não, é só o cangaceiro que vem nos visitar.
TIA MARIA (exaltada): Nada? Um cangaceiro vem aqui, e você diz que é nada!!!
JOSÉ PAULINO: Calma filha, ele só vem jantar, não vem nos roubar.
E meu avô tinha razão, porque naquele mesmo dia ele veio, e ocorreu tudo com esperava José Paulino.
CENA 7 : TERREIRO, EXTERIOR, TARDE
Eu já tinha muito interesse pelas meninas, eu só queria namorar, mas aos 12 anos Zefa Cajá me convenceu e ter a minha primeira relação sexual, alguns dias após a noticia tinha se espalhado, e esse era o único assunto em todo engenho...
TEREZA: Mulher! Você ficou sabendo o que aconteceu com o Carlinhos.
FATIMA: Pois é, um menino daquele tamanho fazendo uma coisa daquelas.
TEREZA: E o pior não foi isso!
FATIMA: Quê que foi então?
TEREZA: Ele também pegou a doença da Zefa Cajá.
FATIMA: E que doença é essa?
TEREZA: É a gonorréia!
FATIMA: Nossa!
TEREZA: Pois é, o avô e a tia estão furiosos.
E ficaram mesmo, eles ficaram tão furiosos comigo, que a minha historia naquele engenho não acabou bem, sai de lá com uma fama horrível, para se ter uma idéia , eu tive que ser levado para um internato, pois este era o único caminho que meu avô e minha tia acharam.
As pessoas daquele tempo falaram que os meninos iam para esses internatos para aprender as coisas da vida, e eu já fui sabendo demais das coisas da vida.

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